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domingo, 23 de novembro de 2008

Faculdade de Filosofia

Espero que neste breve texto eu consiga relacionar alguns dos motivos pelos quais fui influenciado a cursar a Faculdade de Filosofia.
A princípio quero deixar claro como eu fico extremamente incomodado ao ver a reação das pessoas quando eu lhes falo sobre o meu curso, a primeira delas é o espanto acompanhado da seguinte frase:
“Você é louco.”
Pois bem, talvez o seja, se for considerado loucura a curiosidade. A mesma curiosidade que uma criança tem quando, ao ver uma outra criança passando fome, pergunta aos pais o motivo pelo qual “Papai do céu” permite que isso aconteça, essa pergunta não tem resposta, porém a criança se acostuma com a ausência e simplesmente cresce e para de perguntar.
Talvez eu seja maluco em não aceitar respostas prontas e totalmente contraditórias, talvez eu não consiga realmente me convencer que se a minha mãe me diz para não fazer “xixi” na rua e eu faço, ela vai me expulsar de casa, amaldiçoar a mim e aos meus descendentes e obrigar-nos a passar nossas vidas em um eterno conflito de amor e medo, adorando e implorando piedade em busca de um dia podermos voltar a conviver com ela de novo no aconchego do lar “paraíso” do qual fomos expulsos.
Será loucura olhar no espelho e tentar entender como um ser tão imperfeito, limitado e finito quanto eu pode ter sido criado a IMAGEM E SEMELHANÇA de um ser perfeito, ilimitado e infinito. Qual a semelhança nisso???????????
Eu não considero loucura questionar as leis da física, não consigo entender como “massa atrai massa” se não temos a menor ideia do que seja “massa”. A própria ideia não tem definição, é uma coisa que não conseguimos conceber. Alguém pode me dizer qual a concepção ontológica da mesma, qual a cor da ideia? Qual o tamanho da ideia? Qual o cheiro, o gosto, o peso da ideia? Seria a ideia massa? Neste caso “ideia atrai ideia.”???
Loucura é simplesmente aceitar sem questionar, loucura mesmo é acreditar que pesquisas com células tronco é pecado, sentir é pecado. Você não pode sentir. A inveja é um sentimento involuntário de um ser imperfeito, assim com a luxúria o ódio. Certo então comer além da satisfação do nosso corpo é pecado, e o que me dizem de exaltar e impor a humildade enquanto se come com talheres de ouro, em um palácio gigantesco muito além das necessidades humanas, dormindo em colchões caríssimos com roupas de seda servido por milhares de servos?
Talvez eu seja mesmo louco por não acreditar que a única maneira de ser realmente feliz é consumindo, talvez eu não seja normal porque eu acredito na força do nosso corpo além do que possamos imaginar, ou porque eu simplesmente acredito que não estamos sozinhos no universo, talvez eu nem acredite no universo.
A minha loucura esta em não me satisfazer com a felicidade vendida nos intervalos comerciais, não deixar de lado um amor para cuidar da minha carreira do meu FUTURO, porque o futuro não existe, o TEMPO como a ideia não pode ser concebido apenas acolhido.
Sim eu sou louco, porque eu acredito que somos mais e melhores, acredito que evolução tecnológica é uma revolução do ser em si, acredito que nosso corpo é feito de possibilidades ilimitadas e que a cada passo de evolução nosso cérebro torna-se obsoleto, como uma mata nativa desmatada aos poucos, dando lugar ao desenvolvimento, SIM EU ACREDITO QUE SOMOS UMA FLORESTA e que em nossas plantas interiores estão o principio ativo de todos os remédios, porém devastamos essa mata para podermos industrializar os remédios que temos de graça para que o capitalismo se fortaleça.
Talvez eu seja louco por simplesmente não acordar pela manhã, fazer a barba e correr para não perder o ônibus. Isso porque no caminho entre a minha cama e o banheiro existe o infinito, e eu mesmo sem muitas esperanças quero saber o que ele é, como ele existe, como eu me encaixo nisso tudo, por que estou aqui, o que é o aqui.
Finalizando, ao menos por enquanto, antes de me colocarem o rótulo de louco porque faço filosofia tentem pensar em suas vidas medíocres, dominadas por um sistema capitalista cruel que te obriga a ter mais que o seu semelhante para sentir-se feliz. Pense em como você aceita respostas prontas e contraditórias pelo simples fato de sentir PREGUIÇA de pensar, de ler um texto por ser extenso demais.
Talvez você nem tenha chego a esse parágrafo do texto........rs.......
Bem de qualquer maneira, mesmo os que leram até o final, irão voltar para suas vidas, ouvir suas músicas sertanejas, comer seu arroz e feijão, balançar a Bunda ao som de uma batida qualquer e acreditar que vai ser salvo um dia se for à missa todos os domingos. (Mas pela manhã, porque a tarde tem futebol).

ps . (Desculpem os erros de português, são cinco horas da manhã de uma segunda feira).

domingo, 16 de novembro de 2008

Momento

Uma flauta solitária sonha ser orquestra.
Jamais será.

Adormeci pensando em você, não sei por quanto tempo pensei.
Nem sei se ainda devo pensar.
Mas essa noite ao menos, não sonhei.
Ou sonhei e prefiro não lembrar.

Não é o momento.
O momento já passou.
O momento não virá.
O sentimento não conta.
O tempo?!?
O sentir, sentirá?

Odeio frases clichês,
Dessas que falam de um coração nobre.
Sofrendo por “amor”.
Meu coração é vagabundo.
Vazio e imundo.
Burro demais, se apega se enche se esvai.
E vai.
Levando.
Sonhando.
Sonhando ser orquestra que jamais será.

Meu coração é um bar.
E em sua porta há sempre um mendigo moço,
Esmolando paixões.
Que jamais terá.

Tua ausência já não é nada.
O nada me toma a alma.
Não me acalma, nem consola.
Nada é vazio.
Meu coração é vazio.
Vádio.
Sonha ser nobre.
Jamais será.

És um anjo perfeito.
Atrevo-me, apareço.
Sou ignorado, desapareço.
Não faz diferença, já que não faço falta.
E não me faz falta tua indiferença.
Não me agrada, nem desagrada.
Nada.

Um dia você vai voltar.
Sonhando ser minha.
Jamais será.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Acaso

Que lagrimas são essas?
De onde vieram?
Por que insistem em cair?

Um sentimento precisa de oxigênio.
Vou sufocá-lo.
Talvez o arranque de dentro de mim
Com minhas próprias mãos.
Talvez não.

Bom, seja o que for é passado.
Sentimento superado.
Conforto para o coração.
Ou não.

Triste fim para algo;
Sem início.
Aparente olhar de tristeza.
Sem estrelas, luz acesa.

Não faz diferença.
As lagrimas se secarão.
e os sentimentos.......
Estes passarão.

sábado, 8 de novembro de 2008

ENADE

Estou abrindo um espaço neste blog para publicar uma nota de manifesto feita pelos alunos da Unesp - Campus de Marília, porque acho importante que as pessoas saibam que somos obrigados a fazer a prova sem saber exatamente o que ela é
e o que não concordamos nisso tudo.
O ENADE é um instrumento de avaliação do SINAES que busca comparar as instituições do ensino superior. Os alunos da FFC Unesp – campus Marília/SP do curso de filosofia discordam dessa avaliação, pois não há divulgação dos métodos e critérios adotados, o que acarreta na obscuridade de suas finalidades. Neste contexto, mesmo desconhecendo tais finalidades, os alunos são obrigados a realizá-la.
Tais condições resultam em um rankeamento dos cursos e de suas instituições, o qual não condiz com a realidade, gerando uma falsa impressão das condições dos mesmos. Diante disso, os alunos propõem uma discussão para uma reestruturação participativa e não autoritária dos instrumentos de avaliação.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Notas de um observador:

Existem milhões de insetos almáticos.
Alguns rastejam, outros poucos correm.
A maioria prefere não se mexer.
Grandes e pequenos.
Redondos e triangulares,
de qualquer forma são todos quadrados.
Ovários, oriundos de variadas raízes radicais.
Ramificações da célula rainha.
Desprovidos de asas,
não voam nem nadam.
Possuem vida, mas não sabem.
Duvidam do corpo,
queimam seus filmes e suas floras.
Para eles, tudo é capaz de ser impossível.
Alimentam-se de nós, nossa paz e ciência.
Regurgitam assuntos e sintomas.
Avoam e bebericam sobre as fezes.
Descansam sobre a carniça,
repousam-se no lodo,
lactobacilos vomitados sonhando espermatozóides que não são.
Assim são os insetos interiores.

A futilidade encarrega-se de maestra-los.
São inóspitos, nocivos, poluentes.
Abusam da própria miséria intelectual,
das mazelas vizinhas, do câncer e da raiva alheia.
O veneno se refugia no espelho do armário.
Antes do sono, o beijo de boa noite.
Antes da insônia, a benção.

Arriscam a partilha do tecido que nunca se dissipa.
A família.
São soníferos, chagas sem curas.
Não reproduzem, são inférteis, infiéis, in(f)vertebrados.
Arrancam as cabeças de suas fêmeas,
Cortam os troncos,
Urinam nos rios e nas somas dos desagravos, greves e desapegos.
Esquecem-se de si.
Pontuam-se

A cria que se crie, a dona que se dane.
Os insetos interiores proliferam-se assim:
Na morte e na merda.

Seus sintomas?
Um calor gélido e ansiado na boca do estômago.
Uma sensação de: o que é mesmo que se passa?
Um certo estado de humilhação conformada o que parece bem vindo e quisto.
É mais fácil aturar a tristeza generalizada
Que romper com as correntes de preguiça e mal dizer.
Silenciam-se no holocausto da subserviência
O organismo não se anima mais.
E assim, animais ou menos assim,
Descompromissados com o próprio rumo.
Desprovidos de caráter e coragem,
Desatentos ao próprio tesouro...caem.
Desacordam todos os dias,
não mensuram suas perdas e imposturas.
Não almejam, não alma, já não mais amor.
Assim são os insetos interiores.