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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Aos meus pais.

Pensei em escrever para o meu pai e depois escreveria para a minha mãe,
ou para a minha mãe e depois para o meu pai.
Flagrei-me então em um dilema sem explicação, pois apesar da particularidade de cada um deles eles tornam-se uma só pessoa, um ser humano lindo de asas abertas prontas a acolher qualquer pessoa que precise de abrigo e carinho, então resolvi escrever para essa pessoa que é a soma dos dois, afinal não sei onde um termina e onde começa o outro.

Aos meus pais.

Desde você minha vida tornou-se vida, meus dias foram iluminados com amor respeito e carinho, broncas que logo passavam, lagrimas que logo secavam.
Sem teus braços não me vejo homem, sem teu colo não me encontro, sem teu espelho não me vejo, nem sequer me vejo.
É um sonho tornar-me metade do ser humano que você é. Para isso procuro outra metade, para compartilhar o amor que de exemplo tive em casa e tornar-me uma pessoa só com minha amada. Ainda assim, essa pessoa que me tornarei a dois será pequena perto da grandiosidade da pessoa que vocês são.
Hoje encontrei, mas ainda garimpo no meu mais profundo eu, as pedras brutas que passarei anos lapidando até ficarem parecidas com suas mais preciosas qualidades.
Meu café não tem o mesmo sabor pela manhã, o mesmo daquele que tomávamos juntos, um pão com manteiga, um pingado, leite e Nescau.
Meu almoço não é tão saboroso quanto as lasanhas de domingo, o frango assado com batatas.
Minhas 18:00 hs já não são tão apreensivas quanto as que eu passei te esperando chegar do trabalho, e minhas ferramentas não fazem os barulhos das suas, e meus ternos não me caem tão bem.
Meus aniversários não são negros, mas são beges, opacos, sem o colorido em volta da mesa de jantar e o Nhoque e o refrigerante...
Mas meus passos, esses sim estão melhores que nunca, porque os guio na serenidade de suas palavras, na consciência de suas ações e no amor de seus gestos, eu conquisto a cada dia novas amizades e tento colocá-las sob as minhas ainda pequenas asas.
Não existe coração duro o bastante que resista a seus encantos, não existe olhos que não virem lágrimas ao ouvir tuas palavras de consolo, não existe alma que não se acalme ao sentir sua repreensão, construtiva, criativa e com a melhor de todas as intenções do universo.
Minhas “batidas de perna” no Shoping aos sábados de manhã são hoje tão cansativas e o cheiro do Bic Mac não é cheiro, e o sabor não é sabor, é apenas o perfume e o gosto de uma lembrança. Sou um pedaço de você, e a mistura de vocês e toda vez que penso em desistir lembro-me disso e ganho forças.
Apesar de filho sei que meu amor não é maior do que o da centena de filhos que você conquistou durante a vida, nos lugares que passou. Mas sei que o amor que você sente por mim é maior e melhor e eterno.
Amo você. (s)

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Minha Cidade

Um amor é para a vida toda, certa vez me disseram isso e eu incrédulo, não prestei a devida atenção. Engraçado e triste, antes tivesse me atentado a esse fato porque realmente a saudade, que outrora era uma estranha, hoje se apresenta vestida de vermelho e verde, tem resistência tênue e é encorpada como os vinhos que só minha amada produz.
Por alguns segundos flagro minha concentração tentando fugir dos meus pensamentos, agarro-a com as duas mãos e com um esforço imenso retomo meu estado de espírito, ocupo novamente meu lugar no espaço e espanto a saudade como alguém que coloca o cão para fora do quarto, sabendo que é necessário, mas com o coração em pedaços.


É clichê falar em saudade, tudo parece tão vulgar e brega.
Como a releitura de um bolero dos anos trinta.
Mas de ti sinto é saudade, e mesmo sendo tão démodé,
O amor que sinto por você, não permite que eu minta.

Tu és minha namorada de meia idade, me ensinaste muito mais do que imaginei saber em toda minha vida, cada parte de ti tem uma história, um sentido, um fundamento... Nada é em vão, nada é por acaso.
Quisera eu parar o tempo, andando por suas ruas, sentindo sob meus pés a desigualdade de um chão de pedras.
Gostaria de descrever teus traços, tentar explicar como é para quem jamais a conheceu. Mas um dia, eu escrevo tua beleza em prosa e verso, quem sabe em meu próximo acesso?!!!!?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

mil novecentos e noventa e nove

Venha buscar o que é teu.
O que é meu eu já não sei se acho.
O que é nosso?
Sua vida, seu mundo, seu espaço.

Todos os anos em certa data eu compro um bolo.
Acendo velas bem bonitas com laços e anáguas.
Guirlandas, chocolate, mel e morango.
Todo ano comemoro nosso primeiro beijo,
Primeiro e único de vários que não vieram.
E não virão.

Meia taça de vinho a mais não me fará mal,
Ao menos imagino que não.
Quero esquentar as mãos, para me lembrar
Do calor que elas sentiam ao percorrer seu corpo
Para lembrar as vezes que ela secou as lágrimas
Que percorriam teu rosto

Ainda busco um sorriso que me lembre o seu,
Às vezes vejo na televisão, são os poucos filmes
Que assisto até o final, e choro...
Em lágrimas canto meu pranto,
Em um canto seu cachecol.

Se você voltasse...

quinta-feira, 30 de abril de 2009

RITO DO IRMÃO PEQUENO

a Tiago Calil



Meu irmão pequeno é bonito como a cotovia.
Lembro-me de ti, como um pequeno passarinho.
Cedo vieste em ovo, repousado sobre o ninho.
Cortava-me a alma não poder romper a casca, para que nasceste sem dor.
Mas era teu trabalho, com o próprio bico, para não ser vitima mais tarde;
De algum predador.

Inspiro meu destino em ti, irmão pequeno.
E busco em teus olhos o reflexo de uma vida que já não tenho.
Vida que já não é minha, desde o romper da casca.
Vida nossa, irmão pequeno.

Lembro-me dos pés sujos pela terra vermelha.
Grande pé de manga recostado sobre a lajota.
Vamos caçar rolinhas, irmão pequeno.
Que teremos boas horas sem razão.
E nem bem o sol se põe no horizonte.
Os ventos balançam as folhas no pé de tangerina.
Mal sabemos que dia é, quanto mais, que horas são.

Talvez lhe faltem medalhas, irmão pequeno.
Como a mim sempre faltou.
Jamais fui campeão de matemática, ou o melhor nadador.
Mas sobra-lhe a malandragem;
A malícia e a coragem.
Sabes a hora de dar um belo safanão nas fuças da vida.
Antes que ela lhe passe uma rasteira.

De braços dados, irmão pequeno.
Já não sei porque razão não me sinto.
De braços dados, se cortastes o dedo.
Sangro eu.
De braços dados não sei onde meu corpo se finda.
Para dar inicio ao seu.

“E se tiver de chorar, chora irmão pequeno.
Quando houver chegado o momento da dor.
A própria dor é uma felicidade…
Não escuta as árvores fazendo a tempestade berrar?
Valoriza contigo bem estes instantes
Em que a dor, o sofrimento, feito o vento,
São consequências perfeitas, das nossas razões verdes.
Da exatidão misteriosíssima do ser.”

Hoje estamos distantes, irmão pequeno.
Mas não longe o bastante para minhas pálpebras não se humedecerem
Quando choras.
Não longe o bastante para meus ossos não doerem quando sentes frio.
Não longe o bastante para não me recordar todos os dias;
Os nossos dias.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Quando Amei

Às vezes eu fecho os olhos, inspiro e procuro sentir a presença de quem já não está por perto. É um método que eu inventei tempos atrás..., e uso sempre quando o amor se transforma em saudade.

Os grandes amores existem. As grandes paixões existem. Eles existem. Eles simplesmente existem. Eu desejo que todo ser humano possa sentir o que eu um dia já senti. Somente uns poucos minutos daquele entorpecimento juvenil, daquela inundação de sentimentos que enlouquecem, daquela loucura toda que te envolve, te amedronta, aquela confusão monstruosa que vivi quando amei. E quando fui amado. Uma paixão avassaladora que me fez acreditar que eu ainda permanecia vivo. Vivo e amando. E amado. Mas, agora, eu fecho os olhos para dormir. A cama cresceu tanto de tamanho, o meu peito cada vez está menor. E muito mais vazio. Ninguém a me ninar. A minha mão não encontra a sua. Quem foi que viu a minha Dor chorando?! (Mas, no meu caso, diurnas também). Eu quero uma receita para se esquecer um grande amor, o senhor tem aqui para vender? O preço não me interessa, eu só quero poder seguir em frente. Nem precisa ser em frente..., basta seguir.

E o vazio logo aparece, não dá um minuto de folga (“meter a cara no trabalho” é algo que também não tem funcionado). O telefone não toca naquela hora, a minha caixa de e-mails não tem pena de mim, já não tem novidade boa a me contar. Uma sensação leve e prematura de derrota logo se apodera da gente. Depois ela cresce. Já não é mais sensação, é derrota mesmo. Eu não tenho mais para quem escrever os meus defeituosos poemas, a quem dedicar meus pensamentos, quem vai me acalmar quando a agonia aparece sem avisar? Eu me sinto tão sozinho. Por vezes eu nem me sinto. Meus olhos não vertem lágrimas, o meu coração não dispara. Será mesmo que estou vivo? Ainda nem maldisse toda a minha sina e mazela, nem afoguei minhas mágoas na cachaça libertadora, também não há outro perfume no meu corpo. Viver é amar, um dia me explicaram direitinho. Eu era inocente e acreditei. Só inocentes e tolos crédulos aprendem isso, eu tive o azar de ser um deles. Nem ouso reclamar.

Quando acordei foi em você que eu pensei. Provavelmente pensei em ti durante toda a noite também, mas dessa vez tive a sorte de não recordar. Não importa como minha vida esteja seguindo, é sempre em seu sorriso que meus pensamentos se convergem. Não há fuga nem plano B. Eu aprendi que não é te esquecendo que irei me livrar de você. Não importa quanto tempo transcorra, jamais me esquecerei daquela noite, aquela, quando você ouviu minha declaração de amor (A lua que desenhei para você). Metade do tempo eu reflito sobre o que ela significou e o que ela irá se tornar em alguns poucos anos. Logo, meu coração será de outra, as suas coisas queimarei no quintal,e essa frase eu voltarei a dizer. Mas não para ti, jamais para ti, nunca mais para ti... Você será apenas uma lembrança, feito tantas outras, e eu serei apenas uma lembrança para você... feito tantas outras.

Quem errou mais? Isso não importa agora, logo, posso ficar com toda culpa pelo nosso fracasso. Sempre sonhei com algo diferente, como nos contos de fadas e nos pagodes de três notas (e se me perguntam Que era mesmo que eu queria?/ ”Eu queria uma casinha/ Com varanda para o mar/ Onde brincasse a andorinha/ E onde chegasse o luar”, Vinicius de Moraes. A realidade foi muito distinta disso, só Deus é testemunha das minhas queixas. Mas, nesse momento, nada disso importa, nada do que doeu agora importa. Eu vou ficar aqui, sozinho, com minhas lembranças e nosso fracasso. Vou lembrar das partes boas, para me emocionar com a saudade. Não lembrarei de nenhuma briga, nem nada disso! Eu quero uma receita para esquecer dos momentos ruins, dos bons eu não preciso. Não preciso e não quero. Para que esquecer do que me orgulho? Do que me fez feliz? Deixa a saudade me machucar, meu anjo, uma hora ela se cansa. Eu não abro mão de recordar o quanto fomos felizes. Acabou, mas não sem muito amor. É o fim, mas não antes de muitas promessas de eterna felicidade. É isso o que vale, afinal. Eu busco isso a cada instante de minha vida.

Mas agora ela está lá e eu aqui. Ela está lá seguindo a vida dela, e eu estou aqui, seguindo a minha. Ela esta lá vivendo a vida dela como se nada tivesse acontecido. Acho, realmente não sei dizer. Eu aqui, não triste, mas saudoso. Às vezes eu olho para os céus para descobrir se sinto algo de novo. Quem sabe um daqueles meus suspiros. Passo horas olhando as estrelas, sem entender por que elas brilham. Elas deveriam fazê-lo somente quando você fosse minha, não em qualquer situação. Mas você segue a sua vida, almoça feliz e se diverte enquanto procuro a receita para te esquecer. Sei que não irei sofrer, o que me castiga é a saudade. Não irei chorar, nem lamentar, tampouco desejar a morte. Irei apenas seguir em frente, sozinho agora, às vezes pensando: o que será que ela faz nesse momento?, agora que chove lá fora! O que será que ela faz? Será que pensa em mim? Será que sorri? Eu abro os braços para envolver a minha vida.

Lembra da música? “Eu não queria nem devia te magoar” Preciso te dizer: Essa é a maior verdade que já te contei. Eu sigo a minha vida por aqui, você continue a sua por aí. Se conseguir a receita para se esquecer de um grande amor? Não, parece que isso não existe mesmo. A minha é seguir em frente, então, e quando não der, chorar, não há problema nenhum isso, quem aprende a amar, aprende a chorar também . Eu aprendi, pratiquei contigo, jamais te esquecerei.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Desejo II

O Desejo é um sentimento confuso.
Embriaga sua mente com “os negros vapores da bile.”
Pode ser confundido com o amor.
Porém, causa-nos dor.
O amor jamais causará dor.

O Desejo nos embriaga, envolve, fascina.
Faz-nos pensar que de tão apaixonados,
Falta-nos apetite ou até mesmo o pão.

Esquecemos a razão,
Cometemos loucuras,
Em nome do coração.

Colocamos toda a culpa no amor.
- Eu choro porque eu amo.
- Eu imploro porque eu amo.
- Eu me humilho porque eu amo.

Somos sarcasticamente egoístas.
Ao não admitirmos.
- Eu choro porque eu quero ter.
- Eu imploro porque acho que ainda é meu.
- Eu me humilho porque não aceito perder.

E de tão cegos de desejo,
Não queremos outros beijos.
E de tão cegos de amor.
Não enxergamos o amor que sentimos
Por nós mesmos.
Simplesmente porque ele já não existe mais.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Circo

A vida é um grande circo.
Um palco circular, circundado por todos os ciclos.
E em todos os ciclos,
Circulam seres paralelos.

Alguns aparecem, outros tantos somem.
Deixam suas marcas.
E de qualquer maneira suas sombras.
Sempre estarão lá.

Em um pedaço de papel mal escrito.
O cheiro no travesseiro.
Na cor, no som, no perfume.
Que outrora trouxe o medo.

Nesse grande circo, os espetáculos são únicos.
Hora um drama de lagrimas, morte, escuridão.
Outrora sorrisos, cores, coração.
Mas em todos os momentos.
Em todos...
Ao apagarem-se as luzes.
Você está só.

Chega a hora de limpar a maquiagem.
Tirar a roupa, desmontar o personagem.
Enfrentar seus piores pesadelos e... Ouvir: Não!

Então percebemos que nesse grande circo,
Hora somos palhaços coadjuvantes,
Outrora atores principais, esperados, desejados...
Mas nunca. (Eu disse nunca).
Somos a pessoa que se apresenta,
Quando limpamos a maquiagem,
Tiramos a roupa e...
Desmontamos o personagem.