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quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Solidão

Sou um animal marinho, nadando por entre espinhos com os pés descalços.
Sou um leão sozinho, nessa floresta de concreto e aço.
Buscando um só caminho, sentido falta de carinho, buscando espaço.
A extensão que me adverte em constante conflito com a Monada que me diverte.
Procuro me envolver em meus próprios braços, pergunto como foi meu dia, deito nessa cama vazia.
Faço um café que sai amargo, acendo um cigarro dou um trago, e trago com a fumaça todo tipo de dor que me ameaça a dor da desgraça que só sente quem está só.
A cólera me ataca o corpo, penso por um segundo que poderia estar morto então agradeço pela vida e por minha respiração totalmente sem harmonia com meus pulmões, agradeço por meus dentes intactos apesar de amarelados e por esses olhos semi-abertos sobre essas olheiras cor de uva.
Abro uma garrafa de vinho, sirvo uma taça e bebo sozinho.
Que calor insuportável, o suor que corre sobre meu rosto cheira a álcool e tabaco, a úlcera que me acompanha durante alguns anos se faz presente, meus olhos novamente se enchem de água, lembro com clareza do corpo da namorada. Que jamais tivera.
Essa tosse não me deixa em paz. Tanto faz agora, chove muito lá fora, preciso consertar essa telha, preciso correr para recolher a roupa do varal, preciso fechar a porta e as janelas, preciso superar...........Mas não saio do lugar.
Lá fora, cada pessoa é uma ilha voltada a si, ninguém se preocupa com o que você pensa, ninguém pensa no que você acredita, ninguém acredita no que te faz viver.
Ninguém.

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