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sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Nada

Este é um poema vazio.
Versos profundos transcritos de um coração vazio.
Nenhuma lágrima derramei, nenhum sorriso esbocei.
Sua partida não me dói mais, o cheiro podre da sua ausência não me incomoda.
A escuridão deste quarto não me desagrada, e nem me agrada.
Nada.

Não escrevo para a Lua, ela está cheia dos meus versos vazios.
Nem tão pouco a primavera, ou as flores do meu jardim.
Ninguém, nem ao menos um Santo tem pena de mim.
Nem eu.
Melhor assim.

Esforço-me para não fazer sentido, pretendo não rimar.
A noite sobre meus ombros não tem peso.
A brisa que sopra não vem do mar.
A lagrima que escorre pelo meu rosto, e se espatifa no chão.
É um doce mel tão doce que chega a amargar.
Devagar.

Este é um poema vazio.
Escrito por um coração vadio.
Buscando inspiração em silencio.
Buscando silencio na respiração.
Até que ela pare.
Se acabe.
E levemente, me leve ao chão.
Nada mais.
Descanse em paz.

2 comentários:

Alessandra Oliveira disse...

muito bom meu amigo!!
eu já disse que vc é um óttimo escritor, as palavras tocam o leitor e o faz sentir as mesmos sentimentos..Considero um dos melhores escritos por tí..adorei

René Wagner Orsi disse...

Pensei comigo, esse é um texto que mostra certa maturidade, algo escrito por alguém que tenha uma formação mais rebuscada, e então gostaria de saber se vc é o autor deste texto e se realmente a sua intenção foi o uso da metalinguagem. Se esta foi a intenção ou apenas intuição de uma mente talentosa?